quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Ousadia de Um Sonho

Nossa, faz tanto tempo que não escrevo que achei que não conseguisse mais. Fiquei sem escrever, pois estava recebendo de Adonai (Deus), coisas novas, revelações novas, sonhos novos. Hoje, reli a postagem " Eu Sei mas Não Devia", e vou postar novamente este texto, pois o Pai me deu outra visão dele e na outra postagem comento, ok?!

Eu Sei Mas Não Devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender a luz mais cedo. E porque à medida que se acostuma esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
[...]
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que se paga. E a ganhar menos do que se precisa. E fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, e engolir a publicidade. a ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às besteiras da músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir os passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas para não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce o pescoço. Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma, para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma a evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto se acostumar, se perde em si mesma.

Marina Colassanti.








Um comentário:

Ed Fonseca disse...

Bom demais o texto. Tem coisa nova no meu Blog.
beijinhos
Ed